quarta-feira, 18 de junho de 2008

1337 - Guerra dos Cem Anos

Guerra dos Cem Anos



A Europa em 1430, na última fase da Guerra dos Cem Anos.

A expressão Guerra dos Cem Anos identifica uma série de conflitos armados, registrados de forma intermitente, durante o século XIV e o século XV, envolvendo a França e a Inglaterra. A longa duração desse conflito explica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado e a obstinada resistência francesa do outro. Ela foi a primeira grande guerra européia que provocou profundas transformações na vida econômica, social e política da Europa Ocidental. A França foi apoiada pela Escócia, Boêmia, Castela e Papado de Avignon. A Inglaterra teve por aliados os flamengos e alemães.
Os Atritos

Historiograficamente é recortado de 1337 a 1453. As suas causas remotas prendem-se ao fato de que, desde Guilherme, o Conquistador, os monarcas ingleses controlavam extensos domínios senhoriais em território francês, ameaçando o processo de centralização monárquica da França que se esboçava desde o século XII.
No século XII, o rei Henrique II da Inglaterra se casou com Leonor da Aquitânia e, segundo as tradições feudais, tornou-se vassalo do rei da França nos ducados da Aquitânia (Antiga Guiena, Guyenna ou Guyenne) e Gasconha. Desde então as relações entre os reis da Inglaterra e França foram marcadas por conflitos políticos e militares. Isso culminou na questão da soberania sobre a Gasconha. Pelo Tratado de Paris (1259), Henrique III de Inglaterra abandonara suas pretensões sobre a Normandia, Maine, Anjou, Touraine e Poitou, conservando apenas a Gasconha. Os constantes conflitos vinham pelo fato do rei inglês, que era duque da Gasconha, ressentir-se de ter de pagar pela região aos reis franceses e de os vassalos gascões frequentemente apelarem ao soberano da França contra as decisões tomadas pelas autoridades inglesas na região.
As influências francesa e inglesa em Flandres (atual Bélgica e Países Baixos) eram também opostas, pois os condes deste território eram vassalos da França e, por outro lado, a burguesia estava ligada economicamente a Inglaterra. Além do intenso comércio estabelecido na região, Flandres era importante centro produtor de tecidos, que consumia grande parte da lã produzida pela Inglaterra. Essa camada urbana vinculada à produção de tecidos e ao comércio posicionava-se a favor dos interesses ingleses e portanto, contra a ingerência política francesa na região. Resolveram, flamengos e ingleses, estabelecer uma aliança, que irritou profundamente o rei da França, também interessado na região.
O estopim dos conflitos foi a pretensão do rei Eduardo III de Inglaterra, da dinastia Plantageneta, à sucessão do trono francês.
O Conde de Nevers, regente de Flandres desde 1322, prestou juramento de obediência ao seu suserano Filipe de Valois, decisão que poderia paralisar a economia flamenga, pois, com a morte do terceiro e último filho de Filipe IV, o Belo (Carlos IV, 1328), o trono da França passou para um de seus sobrinhos, justamente Filipe de Valois, que adotou o nome de Filipe VI.
Eduardo III (neto, por parte da mãe, de Filipe IV, o Belo) reconhece Filipe VI em Amiens em 1329; no entanto, após a intervenção de Filipe VI na Flandres apoiando o conde contra os amotinados flamengos, Eduardo III suspende as exportações de lãs. A burguesia flamenga forma um partido a favor do rei de Inglaterra incitando-o a proclamar-se rei de França. Assim Eduardo III, instigado por Jacques Artervelde - rico mercador que já havia liderado uma rebelião na cidade flamenga de Gand - e temendo perder o ducado francês de Guyenne - mantido como feudo de Filipe VI -, repudiou o juramento de Amiens e alegou a superioridade de seus títulos à sucessão, uma vez que era filho de Isabel, irmã de Carlos IV de França, monarca da dinastia Valois, falecido em 1328. Na França, Filipe VI, primo do falecido, argumentava que a Coroa não podia ser herdada por linha feminina (lei sálica).
Os franceses acusavam os ingleses de desenvolverem uma política expansionista, percebida pelos interesses na Guyenne e em Flandres. Já os ingleses insistiam em seus legítimos direitos políticos e territoriais na França. Após uma série de discussões, Filipe VI tomou Guyenne aos ingleses em 24 de Maio de 1337. Eduardo respondeu imediatamente não reconhecendo mais "Filipe, que dizia ser rei da França". Iniciava-se a Guerra dos Cem Anos. A situação se deteriorou diante do auxílio francês à independência da Escócia, cujo trono Eduardo III vinha tentando conquistar.

Principais batalhas

Entre os episódios mais importantes do conflito citam-se:
a batalha de Sluys (1340);
a batalha de Crécy (1346);
a batalha de Poitiers (1356);
a batalha de Cocherel (1364);
a batalha de Azincourt (1415);
a batalha de Patay (1429);
a batalha de Formigny (1450);
a batalha de Castillon (1453).

De qualquer modo a Guerra dos Cem Anos - conflito de cunho dinástico e econômico, principalmente pela região de Flandres que era um Feudo Francês, produtor de uma grande demanda de lã (essa mesma lã impulsionou a abominação da produção agrícola típica do feudalismo, gerando um grave exôdo rural) - Impulsionou para ambas nações (Inlgaterra e França) o ínicio de seus respectivos processos de unificação territorial e centralização do poder monárquico, pois ao final da mesma encontrava-se uma aristocracia feudal (nobres) ou mortos ou enfraquecidos. Assim o rei passa a ter controle total sobre estes terriotórios, pois a combrança de impostos passa a ser feita pelo próprio monarca e assim tem condições suificientes de organizar um exército. Exército esse montado a partir do dinheiro de impostos promulgados por burgueses emergentes que precisariam de apoio em rotas feudais ainda sujeitas a ataques Vikings. Desse modo surge uma aliança poderosa entrei rei e burguesia, que por um lado faz com que o rei se torne poderoso, pois possui um exército organizado e diciplinado, e por outro uma burguesia fortalecida. Logo podemos considerar o mercantilismo e o absolutismo faces de uma mesma moeda. Essa relação de início promulga-se fortemente, pois com o capitalismo-primitivo, a intervenção estatal não o tornava prejudicial. Porém a partir do momento em que o rei passa a cobrar impostos mais pesados do que os recorrentes para a montagem de exécitos e a redimir a concentração de capital (ursura-lucro) da burguesia, essa passa a adotar o parlamento com nova fonte de ajuda aos seus interesses. Pelo menos na Inglaterra esse fato ocorreu, dando início a revolução gloriosa, que de certo modo encorajou o parlamento a subjugar o rei tornando-o submisso a este parlamento.

Desenrolar da Guerra


A guerra desenrolou-se por quatro períodos: o 1º entre 1337 e 1364, o 2º entre 1364 e 1380, o 3º entre 1380 e 1422 e o 4º entre 1422 e 1453.



Primeiro Período (1337-1364)


Miniatura da Batalha de Sluys do livros de Crônicas de Jean Froissart (século XIV).



Iluminatura de um manuscrito do século XV representando Batalha de Crécy.


Filipe VI exerceu intenso assédio ao litoral inglês durante meses, até ser derrotado em 1340. As hostilidades começaram seriamente com a batalha naval de Sluys, além do rio Escalda, em 1340, onde a frota inglesa foi vitoriosa. Eduardo III tentou conquistar a França, vencendo grande parte dos combates em Crécyen-Pomthieu (1346), Calais (1347). As duas vitórias inglesas garantiram a Eduardo III importantes posições no norte da França, mantendo o Canal da Mancha sob seu controle. Para tanto o rei da Inglaterra contou com o apoio financeiro de grandes mercadores de Flandres e do duque da Bretanha, que voltou-se contra o monarca francês. O avanço e a conquista inglesa só não forma maiores porque após a batalha de Crécy, ocorreu a chamada "Peste Negra", que dizimou praticamente 1/3 da população européia. A peste foi responsável por interromper a guerra.


Miniatura medieval mostrando a Batalha de Poitiers (1356).
Vários anos depois, quando se retomaram os combates, Eduardo III havia conquistado o apoio do rei de Navarra, Carlos II, e a inestimável ajuda militar de seu filho Eduardo, o príncipe de Gales, conhecido como o príncipe negro (por conta da cor de sua armadura). Esse período foi caracterizado por sucessivas vitórias inglesas, contando com o apoio de muitos nobres locais, mais preocupados em preservar seus domínios do que com a lealdade devida ao rei da França, possibilitando o domínio de cerca de um terço do território francês nas regiões norte e oeste. O príncipe Negro conseguiu tomar como prisioneiro o sucessor de Filipe, João II, o Bom na Batalha de Poitiers (1356), e posteriormente, exigiu resgate por sua libertação. Uma insurreição popular (Jacquerie) complicou as coisas: revoltados com a miséria, os camponeses se lançavam contra os senhores feudais, enquanto a burguesia de Paris, indgnada pelas calamidades da guerra e liderada por Étienne Marcel, clamava por mudanças políticas. O filho de João, o Bom, o futuro Carlos V, atendeu as questões internas e negociou a paz com Eduardo III. Em 1360, o Tratado de Brétigny deu a Eduardo um considerável número de territórios na França (Calais e todo o sudoeste francês) em troca do abandono de suas reivindicações ao trono francês.



Segundo Período (1364-1380)




Carlos V, o Sábio.
Quando da volta das hostilidades com a Inglaterra, a França desfrutava de uma melhor posição. Sob Carlos V (1364-1380), os franceses, graça a unificação de seus exércitos, recuperaram boa parte do território meridional do Reino da França. Neste período destacou-se o condestável francês Bertrand Du Guesclin, cavaleiro valente e notável militar que organizou as famosas "campanhas brancas" (sistema de guerrilhas). A luta estendeu-se a Castela com a França apoiando o candidato à coroa, Dom Henrique, contra Dom Pedro aliado da Inglaterra. As vitórias do monarca francês, fruto da reorganização militar, fortaleceram a idéia de centralização política, possibilitou submeter a maior parte da nobreza, aumentar a arrecadação tributária e organizar o Estado com elementos oriundos da burguesia em cargos de confiança.
Em 1377, com escassos meses de distância entre um e outro, faleciam o príncipe de Gales e Eduardo III. O sucessor do trono inglês era o neto do monarca falecido, Ricardo II, de apenas dez anos de idade.





Terceiro Período (1380-1422)


As últimas décadas do século XIV e as décadas iniciais do século seguinte foram marcadas pelas disputas internas nos dois países, arrefecendo momentaneamente a guerra externa. No caso da Inglaterra ocorreram rebeliões camponesas lideradas por Wat Tyler, contra a servidão e posteriormente as disputas envolveram parte da nobreza, que lutou contra o rei, e culminou com a ascensão de Henrique de Lancaster ao trono, em 1399, com o título de Henrique IV.
Na França as lutas internas foram mais complexas e envolveram os interesses da região da Borgonha, antigo feudo poderoso, que lutou constantemente por seus interesses particulares. Em 1380, quando os ingleses nada mais ocupavam senão Calais e a Guyenne, morreu Carlos V na França, abrindo caminho para a ascensão do herdeiro Carlos VI, o Insensato, de doze anos. Houve uma série de disputas pelo poder, que culminou com a cisão da nobreza francesa em dois partidos: os armagnacs, partidários da família de Orléans, e os borguinhões, partidários dos duques de Borgonha. Em considerando Carlos VI como incapaz, os Borguinhões pretenderam tomar o poder e, após várias derrotas, aliaram-se aos ingleses. Ao lado da família real ficaram o irmão do rei, Luis de Orléans e Bernardo de Armagnac. Nesta guerra civil, destacaram-se João sem medo, da Borgonha, e o Delfim Carlos
No reinado do inglês Ricardo II, investido do poder assim que alcançou a maioridade (1389), as hostilidades praticamente cessaram.



O monarca inglês Henrique V.
A retenção inglesa de Calais e Bordeaux, no entanto, impediu a paz permanente, e as reivindicações inglesas quanto à França foram reavivadas pelo primo de Ricardo II, Henrique V (invocando a Lei sálica). Na França, a guerra civil (luta entre Armagnacs e os Borguinhões) e a loucura do rei Carlos VI permitiram novas conquistas dos ingleses. Em 1415, Henrique V desembarcou na Normandia, invadindo e tomando Harfleur. Neste mesmo ano, travou-se a batalha de Agincourt (ou Azincourt), num terreno em que a chuva transformara num atoleiro. A orgulhosa cavalaria francesa foi massacrada e milhares de nobres franceses pereceram. Seguiu-se a ocupação de Paris (1415), da Normandia (1419) e de outras regiões no norte da França, obrigando a assinatura da paz, com a cumplicidade de Isabel da Baviera. O Tratado de Troyes (1420), que garantia a Inglaterra todo o norte do país (inclusive Paris) e, o mais grave, forçou Carlos VI a deserdar do trono seu filho, o Delfim Carlos VII. Henrique V casou-se com a princesa Catarina, filha de Carlos VI, ficando com o direito de herdar o trono. Em 1422, morreram tanto Carlos VI quanto Henrique V, o que faz com que as duas coroas (a da França e da Inglaterra) fossem herdados por Henrique VI, que ainda era uma criança recém nascida. Dois barões ingleses encaregaram-se da regência: o Duque de Badford se ocupou da França e o Duque de Gloucester passou a administrar a Inglaterra. Carlos VII, o Delfim, assumiu a realeza em Bourges. Assim, a França encontrava-se dividida em dois reinos: nos territórios do norte, governava o rei inglês, apoiado pelos borguinhões; nos poucos territórios do sul, reinava o francês Carlos VII, com o apoio dos armagnacs.

Quarto Período (1422-1453)


O Delfim, porém, instalara-se no Vale do Loire e dali passou a liderar a resistência francesa aos invasores. É nesse momento que aparece em cena uma camponesa mística e visionária de Domrémy: Joana d'Arc, que conseguiu desarmar uma conspiração para matar o soberano. Os regentes do ineficaz Henrique VI foram perdendo o controle dos territórios conquistados para as forças francesas, sob a liderança de Joana d'Arc.
Com a França em perigo Joana d'Arc organizara um exército completamente diferente dos exércitos feudais. Guerra era assunto para nobres e homens. Seu exército era liderado por uma mulher camponesa. Os exércitos feudais lutavam por seu senhor e seu feudo. O de Joana d'Arc era um exército nacional, que lutava pela França e por seu rei. Os franceses, agora, sentiam-se integrantes de um país. A idéia de nação estava lançada.
Joana d'Arc conseguiu do Delfim um exército de aproaximadamente 5 mil homens e libertou a praça forte de Orléans (1429). Depois conquistou Reims, no norte do país, onde Carlos VII foi coroado segundo as antigas tradições. Em 1430, aprisionada pelos borguinhões, Joana D'Arc foi entregue aos ingleses. Tendo Joana caido nas mãos dos ingleses em Compiègne, foi julgada herética por um tribunal eclesiástico e queimada na fogueira, em 1431, em Rouen (ou Ruão).
O impulso, entretanto, estava dado. Os franceses, incentivados pelo martírio de Joana d'Arc, bateram os ingleses em Formigny (1450), tendo conquistado a Normandia e grande parte da Gasconha. O fim da guerra é marcado pela batalha de Castillon, em 1453, quando foi capturada a cidade de Bordeaux, o último reduto inglês. Isto significou, efetivamente, o fim da guerra, e desde então os ingleses mantiveram apenas Calais, que conservaram até 1558. Eles foram forçados a voltar sua atenção aos assuntos internos, principalmente à s guerras das Rosas e desistiram de todas as reivindicações sobre a França. Nenhum tratado foi assinado de forma a assinalar o fim das hostilidades
Consequências

Os conflitos deixaram um saldo de milhares de mortos em ambos os lados, e uma devastação sem precedentes nos territórios e na produção agrícola francesa.
No plano político e social, a Guerra dos Cem Anos contribuiu para a Dinastia de Valois, apoiada pela burguesia, fortalecer o poder real francês, abrindo caminho para o chamado absolutismo, por vários motivos:
Liquidou com as pretensões inglesas sobre territórios na França;Os feudos do rei inglês, na França, passaram para o domínio da coroa francesa;O longo período de guerras enfraqueceu bastante a nobreza francesa, porque, à medida que os nobres morriam, seus feudos iam passando para o domínio do rei, debilitando o sistema feudal.Construção de uma identidade nacional entre os franceses.No plano das relações internacionais da Europa no período, o conflito se liga ainda a outros episódios como a Guerra Civil de Castela, os confrontos na Sicília entre a França e o reino de Aragão e mesmo o chamado Papado de Avignon.
Poderá, enfim, dizer-se que a Guerra dos Cem Anos marca o final da Idade Média e anuncia a Época Moderna.



Curiosidades

A pólvora foi pela primeira vez utilizada como arma em combate na Europa nos campos de Crecy, pelas tropas inglesas. O pedreiro causava mais ruído do que estragos materiais, mas foi eficiente para assustar a cavalaria francesa.Joana d'Arc, heroína francesa no conflito, quase cinco séculos após a sua execução na fogueira por suposta prática de feitiçaria, foi canonizada pela Igreja Católica, em 1920, como Santa Joana d'Arc. Deve-se, no entanto, recordar que, já em 1456, Joana foi declarada inocente pelo Papa Calisto III, confirmando que a Igreja da Inglaterra, nesse julgamento, agiu por conta própria, por pressão dos ingleses e interesses políticos.














































































































































































































































































1271 - Nona Cruzada

Nona Cruzada

Príncipe Eduardo da Inglaterra, depois Eduardo I.

A Nona Cruzada é, muitas vezes, considerada como parte da Oitava Cruzada. Alguns meses depois da Oitava Cruzada, o príncipe Eduardo da Inglaterra, depois Eduardo I, comandou os seus seguidores até Acre embora sem resultados.
Em 1268 Baybars, um sultão mameluco de Egito, reduziu o Reino de Jerusalém, o mais importante Estado cristão estabelecido pelos cruzados, a uma pequena faixa de terra entre Sidão e Acre. A paz era mantida pelos esforços do rei Eduardo I, apoiado pelo Papa Nicolau IV.
O equilíbrio que mantinha a região sob controle era frágil. Esse equilíbrio foi pelos ares quando um grupo de soldados italianos católicos degolaram os islâmicos e eliminaram na mesma leva outro tanto de sírios cristãos. Quando a história da matança chegou aos ouvidos do sultão egipcio al-Ashraf Jalil, ele imediatamente exigiu a cabeça dos assassinos. Pega em meio a uma diputa pela sucessão do trono de Jerusalém, Acre disse não ao sultanato. Em abril de 1291, a cidade acordou cercada por mais de 200 mil soldados muçulmanos. A cristandade correu em socorro de um de seus pontos mais estratégicos na Terra Santa. Cavaleiros hospitalários, teutônicos e templários, somados a tropas inglesas e italianas, partiram para defender o porto de Acre. Em 18 de Maio, as forças turcas e egipcias tomaram oficialmente a cidade. Caía o último bastião dos europeus.

1270 - Oitava Cruzada

Oitava Cruzada

Entre 1265 e 1268, os egípcios mamelucos conquistaram uma série de territórios cristãos no litoral da Palestina e do Líbano, como Haifa ou Antioquia, para além da Galiléia e da Armênia. O rei francês Luís IX (São Luís), retomou então o espírito das cruzadas e lançou novo empreendimento armado, a Oitava Cruzada , em 1270, embora sem grande percussão na Europa. Os objectivos eram agora diferentes dos projectos anteriores: geograficamente, o teatro de operações não era o Levante mas antes Tunis, e o propósito, mais que militar, era a conversão do emir da mesma cidade norte-africana.
Luís IX partiu inicialmente para o Egito, que estava sendo devastado pelo sultão Bibars. Dirigiu-se depois para Túnis, na esperança de converter o emir da cidade e o sultão ao Cristianismo. O sultão Maomé recebeu-o de armas nas mãos. A expedição de São Luís redundou como quase todas as outras expedições, numa tragédia. Não chegaram sequer a ter oportunidade de combater: mal desembarcaram as forças francesas em Túnis, logo foram acometidas por uma peste que assolava a região, ceifando inúmeras vidas entre os cristãos, nomeadamente São Luís e um dos seus filhos. O filho do rei, Filipe, o Audaz, firmou um tratado de paz com o sultão e voltou à Europa.

1248 - Sétima Cruzada

Sétima Cruzada

Luís IX (São Luís) liderando os cruzados no ataque à Damietta, no Egito
Findos os dez anos da trégua de 1229 (assinada durante a Sexta Cruzada), uma expedição militar cristã encaminhou-se para a Terra Santa, a fim de reforçar a presença cristã nos lugares santos. Mas, todavia, Jerusalém seria retomada pelos muçulmanos em 1244 e no ano seguinte dava-se o desastre de Gaza. Uma nova empresa militar cruzada dirige-se então contra o Egito, comandada pelo rei da França Luís IX, posteriormente canonizado como São Luís, que expressara ao Papa Inocêncio IV, no Concílio de Lyon, o desejo de apoiar os cristãos do Levante. Aproveitou o monarca francês as perturbações causadas pelos mongóis no Oriente, seguiu para o Egito. Partiu de Aigues-Mortes em 1248, desta feita com um respeitável exército de 35 mil homens. Escalou em Chipre em Setembro de 1248, atacando depois o Egito. Lá, em junho de 1249, retoma Damietta, que serviria de base de operação para a conquista da Palestina. No ano seguinte, quase conquista o Cairo, só não o conseguindo por causa de uma inundação do Nilo e porque os muçulmanos se apoderaram das provisões alimentares dos cruzados, o que provocou fome e doenças nas hostes de São Luís. Ao mesmo tempo, Roberto de Artois, irmão do rei, depois de quase vencer em Mansurá, foi derrotado devido a sua imprudência. Perante este cenária, com seu exército dizimado pela peste, São Luís bateu em retirada. O rei chegou mesmo a ser feito refém, sendo posteriormente libertado após o pagamento de um avultado resgate (800 mil peças de ouro) e restituição de Damieta, em 1250. Só a resistência da rainha francesa em Damietta, permitira que se conseguisse negociar com os egípcios.
Livre do cativeiro seguiu para a Palestina em companhia de seu irmão Carlos D'Anjou. Permaneceu quatro anos na Terra Santa. Só abandonaria a Palestina em 1254, depois de conseguir recuperar todos os prisioneiros cristãos e de ter concluído um esforço de fortificação das cidades francas do Levante (indiretamente, as invasões mongóis deram o seu contributo). Quando voltou recebeu a notícia do falecimento da regente, sua mãe, Branca de Castela.

1241 - Invasão mongol da Europa

Invasão mongol da Europa
Após devastarem e conquistarem a Rússia, o próximo alvo das hordas mongóis de Batu Khan e Subedei foi a Europa Central, mais precisamente Polônia, Hungria e Romênia. Isso foi conhecido como a invasão mongol da Europa. Alguns historiadores discutem se a campanha mongol do Leste Europeu teve alguma importância macrohistórica. A maioria dos historiadores militares acreditam que tais ataques foram essencialmente advertências, objetivando enfraquecer os poderes ocidentais de forma a não atrapalhar os interesses mongóis no oriente, principalmente na Rússia. Evidências indicam que Batu Khan estava preocupado em assegurar as fronteiras ocidentais das conquistas russas, e só depois da destruição dos exércitos locais que passou a pensar em conquistar toda a Europa.

A invasão da Europa
Estratégia
O ataque à Europa foi planejado e conduzida por Subedei, o qual talvez alcançou a sua vitória mais famosa. Após devastar os vários principados russos, ele enviou espiões para Polônia, Hungria e até a Áustria, preparando um ataque ao coração da Europa. Tendo uma noção clara dos reinos europeus, ele brilhantemente preparou um ataque teoricamente comandado por Batu Khan e outros dois príncipes de sangue. Batu era o líder supremo, porém no campo Subedei era o comandante, assim como foi nas campanhas na Rússia e na Ucrânia. Os ataques à Polônia e Romênia serviram para distrair os reinos vizinhos da Hungria, impedindo-os de ajudarem os húngaros e assim arruinarem seus planos para a Europa Central. O verdadeiro objetivo dos mongóis era a Hungria, que possuia uma área de estepes.

Divisão dos exércitos
Na Europa Central os mongóis se dividiram em três grupos. Ao norte um grupo conquistou a Polônia, arrasando várias cidades do sul do país (dentre elas Sandomierz, Lublin e Cracóvia) e derrotando em Legnica uma força combinada de tropas alemãs e polonesas sob o comando de Henrique o Piedoso, duque da Silésia e o Grão-Mestre da Ordem Teutônica. Ao sul atravessaram os montes Cárpatos, na atual Romênia, e no centro o exército principal atravessou o Danúbio. Os 3 exércitos reagruparam-se e devastaram a Hungria em 1241, vencendo em 11 de abril os exércitos húngaros.
Os exércitos alcançaram as planícies húngaras no verão e na primavera de 1242 retomaram seu ímpeto e extendeu seu controle até a Áustria e Dalmácia assim como atacando Boêmia. Se o Grande Khan não tivesse morrido, necessitando o retorno de todos os "Príncipes de Sangue" (de Genghis Khan), toda a Europa cairia tão fácil quanto Polônia e Hungria.
O exército novamente reunificado então se retirou do rio Sajo, aonde inflingiu uma tremenda vitória sobre o rei Bela IV da Hungria na batalha de Mohi. Subedei dirigiu a operação, e esta foi sem dúvida uma de suas maiores vitórias, se não a maior.

A guerra contra a Hungria e a batalha de Mohi
O rei da Hungria convocou um concílio de guerra em Gran (Esztergom), um grande e importante assentamento acima do rio de Buda e Pest. Batu Khan avançava sobre a Hungria vindo do nordeste e foi dedicido pelo próprio rei que suas forças se concentrariam em Pest e então se dirigiram ao norte para enfrentar o exército mongol. Quando as notícias da estratégia de batalha húngara chegaram aos ouvidos dos comandantes mongóis, eles lentamente se retiraram, drawing seus inimigos on. Esta era a estratégia mongol clássica, perfected por Subedei. Ele preparou o campo de batalha e esperou. Era uma forte posição, por que as árvores impediam que seus fileiras fossem claramente rastreados ou vistos, enquanto que ao longo do rio na planície de Mohi, o exército húngaro encontrava-se extramemente exposto.
Então na noite de 10 de abril de 1241 Subedei lançou a batalha de Mohi, apenas um dia antes de o exército menor na Polônia vencer a batalha de Legnica. Em Mohi, uma divisão cruzou o rio em segredo para avançar no campo húngaro pelo flanco sul. O corpo principal começou a cruzar o Sajo pela ponte em Mohi. Após enfrentar forte resistência, foram utilizadas catapultas para limpar a margem oposta. Quando a travessia foi completada o outro cotingente atacou ao mesmo tempo. O resultado foi pânico, e para impedir que os húngaros não lutassem desesperadamente até o último homem os mongóis deixaram uma brecha óbvia em seu encirclement. Isto, junto com a retirada fingida, foi uma das estratégias mongóis mais valorizadas.
Como Subedei planejou, os húngaros em fuga se dirigiram ao redor deste buraco aparente nas linhas, que os levou a uma área pantanosa. Quando os cavaleiros húngaros se dividiram, os arqueiros mongóis ligeiros os aporrinharam à vontade e depois foi notado que cadáveres se espalharam pelo interior em um espaço de uma jornada de dois dias. Dois arcebispos e três bispos foram mortos no Sajo, somados a 40,000 homens em combate, o orgulho da Hungria. No final de 1241 Subedei estava discutindo planos de invadir Áustria, Itália e os estados germânicos, quando chegaram notícias da morte de Ogedei, e como resultado os mongóis tiveram de se retiraram, já que o Príncipe do Sangue e Subedei foram chamados à Mongólia. Como notado antes, apenas a morte do Grande Khan impediu a destruição do restante da Europa. Depois disso os exércitos mongóis nunca mais avançaram tão a oeste, concentrando-se mais na conquista da China.

Ataques posteriores
Depois do grande ataque de 1241, os mongóis ainda promoveriam alguns ataques, só que em pequena escala, contra reinos vizinhos da Europa Central e Oriental. Em 1259 sob a liderança de Nogai Khan foi promovido um novo ataque à Polônia, que tal como o primeiro foi bem-sucedido. Com um exército de 20.000 homens (ou seja 2 tumens), Lublin, Sandomierz, Cracóvia e Bytom foram saqueadas neste reide, que serviu basicamente para colecionar butim para financiar a guerra de Berke contra Hulagu. E ainda um terceiro ataque ainda ocorreria em 1287. De início foi bem-sucedido porém fracassou em tomar Cracóvia. Na Hungria ainda houve uma segunda tentativa de invasão mongol em 1285, liderada por Nogai Khan. Porém desta vez os mongóis foram vencidos, em grande parte devido à s reformas empreendidas por Bela IV após a retirada mongol após o falecimento de Ogedei.

1236 - Invasão Mongol da Bulgária do Volga

Invasão Mongol da Bulgária do Volga
A Invasão Mongol da Bulgária do Volga durou entre 1223 a 1236.

A campanha mongol
Primeira tentativa
Em 1223, após vencer os exércitos russos e cumanos na Batalha do rio Kalka, um exército mongol sob a liderança dos generais Subedei e Jebe Noyon foi enviado para subjulgar a Bulgária do Volga. No entanto a cavalaria mongol foi pega em uma emboscada e vencida próxima as colinas de Zhiguli na margem direita do Volga, e o restante do exército se retirou.

Segundo ataque
Em 1229 os mongóis retornaram sob o comando dos generais Kukday e Bubede. Esta força venceu os guardas de fronteira búlgaros no rio Ural e começou com a ocupação do vale do alto Ural. Em 1232 a cavalaria mongol subjulgou a parte sudeste da Bashkíria e ocupou algumas áreas do sul do território búlgaro do Volga.
Se seguindo a falha dos vários lordes búlgaros em se unirem em uma defesa comum, os mongóis voltaram em 1236. As forças mongóis lideradas por Batu Khan sitiaram e capturaram Bolghar, Bilär, Suar, Cükätaw e outras cidades e castelos da Bulgária do Volga. Os habitantes foram mortos ou vendidos como escravos. Desde então a Bulgária do Volga se tornou parte do Ulus de Jochi, depois conhecido como a Horda de Ouro. Foi dividida em direrentes "ducados"; depois cada um desses se tornou vassalo da Horda de Ouro e recebeu alguma autonomia.

1228 - Sexta Cruzada

Sexta Cruzada





Frederico II (esquerda) dialoga com Malik el-Kamil (direita).
Lançada em 1227 pelo imperador do Sacro Império Frederico II, que tinha sido excomungado pelo Papa, só no ano seguinte esta cruzada ganharia forma. A demora de Frederico, genro de João de Brienne, herdeiro do trono de Jerusalém, em avançar na empresa deve-se à excomunhão por Gregório IX. De fato, ao partir para reclamar os seus direitos sobre Acre-Jerusalém e Chipre, Frederico II recebeu uma missão de paz do sultão do Egito, que retardou o seu avanço.
Finalmente, em 1228, depois de muita hesitação, acabou por partir ao Oriente para se livrar da excomunhão que o papa lhe havia imposto, apesar de ser defensor do diálogo com o Islã, religião que o apaixonava sobremaneira, e preferir conversar em vez de combater. Ao mesmo tempo, o papa proclamou outra Cruzada, desta vez contra Frederico, e seguiu atacando as possessões italianas do imperador.
O exército de Frderico II, auxiliado pelos cavaleiros teotônicos, foi diminuindo com as deserções, e uma semi-hostilidade das forças cristãs locais devido à sua excomunhão pelo Papa. Aproveitando-se das discórdias entre os muçulmanos, Frederico II conseguiu, por intermédio da diplomacia, um tratado com o Egito de Malik el-Kamil, sobrinho de Saladino, em 1229: Jerusalém ganhava Belém, Nazaré e Sídon, um corredor para o mar, para além de uma trégua de dez anos. Foi coroado rei de Jerusalém. Frederico, atacado pela Igreja, receoso de perder seu trono na Germânia e o trono de Nápoles, regressou à Europa. Retomou relações com Roma em 1230. Mas a derrota dos cristãos em Gaza fê-los perder os Santos Lugares em 1244.

1223 - Invasão Mongol da Rússia

Invasão Mongol da Rússia
A invasão mongol da Rússia foi uma invasão empreendida por um vasto exército de nômades mongóis iniciada em 1223 contra o estado da Rússia Kievana, a essa altura fragmentada em vários principados. Tal invasão precipitou a fragmentação da Rússia Kievana e influenciou o desenvolvimento da História Russa, incluíndo a ascenção do principado de Moscou.

Ataque de 1223 e a Batalha do rio Kalka
Ao mesmo tempo que se fragmentava, a Rússia Kievana sentiu a inexplicável irrupção de uma onda estrangeira irresistível vinda de regiões misteriosas do Extremo Oriente. Para suas sins, diziam os cronistas russos da época, nações desconhecidas chegaram. Nenhum conhecia suas origens ou de onde eles vinham, ou qual religião eles praticavam.
Após as campanhas contra o Império de Khwarezm, em 1221 uma tropa mongol liderada pelos generais Djebe e Subedei, em uma campanha de reconhecimento para futuras conquistas, passaram pelo norte do Irã e atravessaram os montes Cáucaso, derrotando exércitos georgianos, polovtsianos, khazares e cumanos. No final de 1222 os dois partiram juntos até o oeste, através das estepes, até o Dniester.
Os principados eslavos do Leste associaram os novos invasores com os nômades selvagens Polovtsianos, que de vez em quando pilhavam colonos russos nas fronteiras porém agora preferiam amizade, sendo seu líder, Khotian, genro de Mstislav Mstislavich, o Audaz. Propondo uma aliança com Mstislav contra os mongóis, dizendo: "Estes terríveis desconhecidos nos conquistaram, amanhã eles irão conquistá-los se vocês não virem nos ajudar".Em resposta a esse chamado Mstislav o Audaz e Mstislav Romanovich o Velho formaram uma liga, da qual também aderiram príncipes de outras províncias russas tais como Kursk,Kiev, Chernigov, Volínia, Rostov e Suzdal.
No dia 31 de maio de 1223, os mongóis, com um exército de 25 mil homens, derrotaram os exércitos dos vários principados russos na grande batalha do rio Kalka (1223), a qual permaneceu até os dias de hoje na memória do povo russo. Agora o país encontrava-se a mercê dos invasores, porém, eles se retiraram e voltariam apenas 13 anos depois.

Invasão de Batu Khan (1236-1240)
A vasta horda mongol de aproximadamente 150 mil arqueiros montados, comandada por Batu Khan e Subedei, cruzou o Rio Volga e invadiu Volga Bulgaria no outono de 1236. Levou um ano para acabar com a resistência dos Búlgaros do Volga, Kypchaks e Alanos.
Em novembro de 1237, Batu Khan enviou seus embaixadores para a corte de Yuri II de Vladimir exigindo sua submissão. No mês seguinte Ryazan foi cercada. Após seis dias de batalha sangrenta, a capital foi totalmente aniquilada, para nunca mais ser restaurada. Alarmado pelas notícias, Yuri II enviou seus filhos para deter os invasores, porém eles logo foram derrotados. Kolomna e Moscou foram incendiadas e no dia 4 de fevereiro de 1238 Vladimir foi cercada. Três dias depois a capital de Vladimir-Suzdal foi tomada e queimada. A família real pereceu no incêndio, enquanto que o grão-príncipe se retirou para o norte. Cruzando o Volga, ele reuniu um novo exército, que foi totalmente exterminado na batalha do rio Sit em 4 de março.
Em seguida Batu Khan dividiu seu exército em unidades menores, as quais arrasaram quatorze cidades russas: Rostov, Uglich, Yaroslavl, Kostroma, Kashin, Ksnyatin, Gorodets, Galich, Pereslavl-Zalessky, Yuriev-Polsky, Dmitrov, Volokolamsk, Tver e Torzhok. A mais difícil de ser capturada foi a pequena cidade de Kozelsk, cujo príncipe-menino Titus e seus habitantes resistiram aos ataques mongóis por sete semanas. Como a estória diz, sabendo das notícias da aproximação mongol, toda a cidade de Kitezh com todos os seus habitantes submergiu em um lago, que pode ser visto nos dias de hoje. As únicas grandes cidades a escaparem da destruição foram Novgorod e Pskov. Os russos que migraram da região sul do país para escapar dos invasores se deslocaram em sua maioria para o nordeste, nas regiões de floresta com solos pobres entre a área norte dos rios Volga e Oka.
No verão de 1238, Batu Khan e Subedei devastaram a península da Criméia e pacificaram Mordóvia. No verão de 1239 Chernigov e Pereyaslav foram saqueadas. Após muitos dias de cerco, a horda atacou Kiev em dezembro de 1239. Apesar da forte resistência de Danilo da Galícia, Batu Khan tomou duas de suas principais cidades, Halych e Volodymyr-Volynskyi. Após anexarem a Rússia a seus domínios, os mongóis então resolveram "alcançar o último mar" e invadiram em 1241 Polônia, Romênia e Hungria. Depois disso Subedei estava discutindo planos de atacar o norte da Itália, Áustria e os estados germânicos, porém tiveram de recuar devido a morte de Ogodei.

O período do jugo tártaro-mongol
Artigo principal: Incursões punitivas mongóis contra os principados russos
Neste período os invasores vieram para ficar, e construíram para si mesmos uma capital chamada Sarai, no baixo Volga, próximo ao Mar Cáspio. Aí estava o comandante supremo da Horda de Ouro, como era chamada a porção noroeste do Império Mongol, fixando seus quartel-general dourado e representando a majestosidade de seu soberano, o grande khan que viveu com a Grande Horda no vale do Orkhon do Amur. De lá subjulgaram a Rússia nos próximos 3 séculos. Here they had their headquarters and held Russia in subjection for nearly three centuries.
O termo o qual esta sujeição é comumente chamado, o jugo tártaro ou mongol, sugere idéias de uma terrível opressão, porém na realidade estes nômades invasores vindos da Mongólia não eram como geralmente se supõe tão cruéis e opressivos. Em primeiro lugar, eles nunca colonizaram os principados russos, e não tinham muito contato com os habitantes. Diferente da dominação mongol sobre a China e o Irã, o domínio mongol sobre os principados russos era indireto, aonde os príncipes russos pagavam anuais tributos à Sarai.
Em termos de religião eles eram extremamente tolerantes. Quando apareceram pela primeira vez na Europa, eles eram xamânicos, e naturalmente não tinham fanatismo religioso; Mesmo quando adotaram o Islamismo continuaram tolerantes como antes, e o khan da Horda de Ouro, o primeiro a se tornar muçulmano, incentivou os russos a fundar um bispado cristão em sua própria capital. Nogai Khan, meio século depois, se casou com a filha do imperador bizantino, e deu seu própria filha em casamento a um príncipe russo, Teodoro o Negro. Alguns historiadores russos modernos acreditam que não houve uma invasão geral. De acordo com eles, os príncipes russos fizeram uma aliança defensiva com a Horda objetivando repelir os ataques dos fanáticos Cavaleiros Teutônicos, que se mostraram um perigo muito maior à religião e cultura russa.
Isto representa o lado positivo do domínio tártaro, que também têm o lado negativo. Como a grande horda de nômades estava acampada na fronteira o país encontrava-se a mercê de invasões por uma força esmagadora de cruéis marauders. Tais invasões não eram frequentes, porém quando ocorriam causavam uma incalculável quantidade de devastações e sofrimentos. Nestes intervalos as pessoas tinham de pagar um tributo estabelecido. De início era colecionado em um visual tosco e pronto por um exame de coletores de taxas tártaros, porém a partir de 1259 passou a ser regulado por um censo de população, e finalmente, a coleção dos tributos passou a ser encarregada pelo príncipe local, então o povo passou a não ter mais um contato direto com oficiais tártaros.

Influência
A influência da invasão mongol nos territórios da Rússia Kievana foi sem precedentes. Centros tradicionais como Kiev nunca se recuperaram da destação do ataque inicial. A República de Novgorod continuou a prosperar. Novos centros prosperaram sob o jugo mongol, tais como Moscou e Tver.
Os historiadores debateram a influência a longo prazo do domínio mongol na sociedade russa. Os mongóis foram culpados pela destruição da Rússia Kievana, a fragmentação da antiga nacionalidade russa em três componentes e a introdução do conceito de "despotismo oriental" na Rússia. Porém alguns historiadores concordam que a Rússia Kievana não era uma entidade homogênea, seja a nível político, étnico ou cultural, e que os mongóis apenas aceleraram o processo de fragmentação que começou antes da invasão. Ainda historiedades acham que o jugo mongol teve um papel importante no desenvolvimento da Moscóvia como um estado. Sob domínio mongol Moscóvia, por exemplo, desenvolveu sua rede postal, censo, sistema fiscal e organização militar.
Certamente, pode ser argumentado (e é) que Moscou, e subsequentemente Rússia, não teriam se desenvolvido sem a destruição mongol da Rússia Kievana. Ainda o jugo mongol sobre os restos de Kiev e os principados sobreviventes como Novgorod, forçaram tais entidades a olhar para o Ocidente em busca de aliados e tecnologia. Igualmente rotas comerciais vindas do Leste tais como a Rota da Seda chegaram aos russos, fazendo assim um centro de comércio de ambos os mundos. Em suma, a influência mongol, de um lado destrutiva ao extremo para seus inimigos, teve um papel significativo a longo prazo no surgimento da Rússia moderna.

1217 - Quinta Cruzada

Quinta Cruzada
A Quinta Cruzada (1217-1221), também da iniciativa de Inocêncio III, que a propõe em 1215 no quarto Concílio de Latrão, mas somente posta em prática por Honório III, seu sucessor no trono de São Pedro. Foi liderada por André II, rei da Hungria; Leopoldo VI, duque da Áustria; Jean de Brienne, rei em título de Jerusalém e Frederico II, imperador do Sacro Império. Decidiu-se que para se conquistar Jerusalém era necessário conquistar o Egito primeiro, uma vez que este controlava esse território. Desembarcados em São João D'Acre, decidiram atacar Damietta (Dumyat), cidade que servia de acesso ao Cairo, a capital.
Depois de conquistar uma pequena fortaleza de acesso aguardaram reforços e meteram-se a caminho. Depois de alguns combates, e quando tudo parecia perdido, uma série de crises na liderança egípcia, permitiam os cruzados ocupar o campo inimigo. Porém, numa paz negociada em 1219 com os muçulmanos, o incrível aconteceria: Jerusalém era oferecida aos cristãos, entre outras cidades, em troca da sua retirada do Egito. Mas os chefes cruzados, nomeadamente o cardeal Pelágio, recusaram tal oferta, objetivo máximo da Cristandade: consideravam que os muçulmanos não conseguiriam resistir aos cruzados quando chegasse Frederico II com os seus exércitos.
Começaram a cercar o porto egípcio Damietta e depois de algumas batalhas sofreram uma derrota. O sultão renovou a proposta, mas foi novamente recusada. Depois de um longo cerco que durou de Fevereiro a novembro a cidade caiu. A estratégia posterior requeria assegurar o controle da península do Sinai. Não obtiveram todos os seus objetivos, já que os reforços prometidos por Frederico II não chegaram, razão pela qual ele foi excomungado pelo papa Gregório IX.
Os conflitos entre os cruzados agudizaram-se e perdeu-se tanto tempo que os egípcios recuperaram forças. Reforços até 1221 chegaram aos cristãos. Lançaram-se numa ofensiva, mas os muçulmanos foram retirando e levando os cruzados a uma armadilha; sem comida e cercados acabaram por ter de chegar a um acordo: retiravam do Egito e tinham as vidas salvas. Foi a última cruzada em que intervieram tropas do Papa.

1212 - Cruzada das Crianças

Cruzada das Crianças




A Cruzada das Crianças é o nome dado a um conjunto de factos misturado com algumas fantasias que ocorreram no ano de 1212. Dessa combinação resultaram vários relatos com vários elementos em comum: um rapaz conduzindo um vasto grupo de crianças marchando para o sul da Itália com o objectivo de libertar a Terra Santa e que culminam com a morte das crianças ou a sua venda para a escravatura. Existem várias versões divergentes e os próprios factos que deram origem à s lendas continuam a ser debatidos pelos historiadores.




Versão Romanceada




As diversas estórias que chegaram aos tempos modernos sobre a Cruzada das Crianças giram em torno de eventos comuns. Um rapaz na França ou na Alemanha começou a espalhar que teria sido visitado por Jesus que o teria instruído para lider ar a próxima cruzada. Após uma série de milagres, juntou um considerável grupo de seguidores, incluído possivelmente cerca de 20 mil crianças. Conduziu os seus seguidores em direcção ao Mar Mediterrâneo, onde as águas se deveriam abrir para eles poderem avançar até Jerusalém. Como isto não aconteceu, dois mercadores terão oferecido sete barcos para levar tantas crianças quantas coubessem. As crianças foram então levadas para a Tunísia tendo morrido em naufrágios ou sido vendidas como escravos. Em alguns relatos, as crianças não terão mesmo chegado ao Mediterrâneo, morrendo no caminho de fome ou exaustão.
Actualmente os historiadores mostraram que estas versões dos eventos contêm alguma ficção misturada com factos para compor um relato fantasiado.


A Cruzada das Crianças, por Gustave Doré (1832-1883)
De acordo com os estudos dos historiadores[1], tiveram lugar em 1212 duas movimentações de pessoas na França e na Alemanha. Algumas semelhanças entre as duas facilitaram que fossem mais tarde agrupadas como uma única estória.
No primeiro movimento, Nicholas, um pastor da Alemanha, conduziu um grupo através dos Alpes até à Itália, na primavera de 1212. Cerca de 7.000 chegaram a Génova no final de Agosto. No entanto, como as águas do Mediterrâneo não se afastaram para eles poderem passar como prometido, o grupo separou-se. Alguns regressaram para casa, outros poderão ter-se dirigido para Roma e outros terão viajado até Marselha onde provavelmente terão sido vendidos como escravos. Poucos conseguiram regressar a casa e nenhum chegou à Terra Santa.
O segundo movimento foi conduzido por um "jovem pastor"[2] chamado Stephen de Cloyes que em Junho de 1212 afirmou ser portador de uma carta de Jesus para o rei de França. Tendo conseguido atrair uma multidão de mais de 30.000 pessoas, dirigiu-se para Saint-Denis onde foi visto a praticar milagres. Aí, terão recebido de Filipe II, aconselhado pelos sábios da Universidade de Paris, ordens para dispersar, que a maioria terá seguido. Nenhuma das fontes contemporâneas aos eventos menciona planos para a multidão se dirigir a Jerusalém.
Posteriormente os cronistas fantasiaram estes dois eventos. Investigações modernas revelaram que os participantes não eram sequer crianças. No início do Século XIII, surgiram várias migrações de pobres por toda a Europa, motivadas pelas mudanças nas condições económicas da época que forçaram muitos camponeses no norte de França e na Alemanha a vender as suas terras. Estes bandos eram chamados condescendentemente de pueri (rapaz em latim). Mais tarde as referências ao puer alemão Nicholas e ao puer francês Stephan, ambos liderando multidões em nome de Jesus, terão sido unificadas num único relato, tendo o termo pueri sido traduzido para crianças.

terça-feira, 17 de junho de 2008

1209 - Cruzada albigense

Cruzada Albigense
"Matem todos, Deus saberá quem são os seus." (monge Arnold Amaury)

Atenção:
"Este artigo possui passagens que não respeitam o princípio da imparcialidade. Tenha cuidado ao ler as informações contidas nele. Se sabe alguma coisa sobre este assunto, tente tornar o artigo mais imparcial. "

A Igreja Católica, sob o comando do Papa Inocêncio III, sentiu-se ameaçada pelo grande número de pessoas que viam no catarismo um retorno ao cristianismo primitivo.
Os Cátaros afirmavam que a Igreja se corrompera desde os tempos de Constantino e rejeitavam todos os sacramentos. O Catarismo considerava o poder papal uma espécie de paganismo sob uma máscara de cristianismo e, por isso, defendiam a volta à igreja simples do Novo Testamento.
Aparentemente eles consideravam o mundo material intrinsicamente mau, mas é importante destacar que grande parte das informações sobre a fé albigense chegaram até nós de fontes suspeitas e corruptas, como a Inquisição, por exemplo. Por isso é difícil saber detalhes daquilo que eles realmente criam. Contudo, certamente buscavam viver como viviam os cristãos no tempo em que o Novo Testamento foi escrito. O exército da Cruzada Albigense (muitos deles vagabundos, aventureiros e mercenários) criado pelo Papa Inocêncio III, foi incentivado pela Igreja a ver os cátaros como discípulos de Satanás que incentivavam o suicídio e proibiam o casamento e a procriação. Mas todos concordam que os Cátaros jamais juravam e condenavam a usura, conforme ensino de Jesus e dos apóstolos.


Expulsão dos Cátaros de Carcassonne, em 1209
Em 1208, foi estipulada uma lei imposta também pela Inquisição que declarava o catarismo como herege e em 1209 foi feita a Cruzada Albiginese, um exército sedento de sangue mandado para aniquilar os Cátaros em Carcassonne (capital cátara) e em outros locais. Muitos albigenses foram lançados vivos nas fogueiras ordenadas pelo Papa Inocêncio III. Guardadas as devidas proporções, muitos comparam o holocausto albigense ao holocausto judeu praticado pela intolerância nazista na segunda guerra mundial.

1202 - Quarta Cruzada

Quarta Cruzada

O doge (duque) Dândolo, de Veneza, pregando a cruzada, de Gustave Doré.Quarta Cruzada


A Quarta Cruzada (1202-1204) foi denominada também de Cruzada Comercial, por ter sido desviada de seu intuito original pelo doge (duque) Dândolo, de Veneza, que levou os cristãos a saquear Zara e Constantinopla, onde foi fundado o Reino Latino de Constantinopla, fazendo com que o abismo entre as igrejas Ocidental e Oriental se estabelecesse definitivamente.
A quarta cruzada... Pode-se-lhe verdadeiramente chamar cruzada? A partir de 1198 o Papa Inocêncio III começou a incitar a cristandade para empreender um novo esforço de cruzada, tendo tido bastante receptividade junto da nobreza europeia. O prestígio e capacidade de legislação e de organização eram apanágio deste papa, o que fazia recair sobre o seu pontificado uma enorme aura de confiança popular.
A 4.ª Cruzada foi empreendida por Balduíno IX, Conde de Flandres, e por Bonifácio II, Marquês de Montferrant. O transporte dos exércitos fez-se a partir de Veneza e dos seus barcos, república comercial que então vivia numa tensão crescente com Constantinopla depois do massacre de mercadores daquela cidade italiana em 1182 devido aos privilégios comerciais que detinham. Se por um lado a pretensão papal desta cruzada apontava para a destruição do poderio muçulmano no Egito, por outro a tensão entre Veneza e os bizantinos acabaria por influenciar o decurso das operações militares, cujos objectivos se centravam cada vez mais em Constantinopla, devido à intenção veneziana de vingar o massacre dos seus mercadores. Além disso, o Egito mantinha boas relações a todos os níveis com Veneza.
Muitos dos senhores cruzados desistiram de ir. Os cavaleiros cruzados - liderados por Bonifácio II de Montferrat e Balduíno IX da Flandres -, com dificuldades financeiras para pagar a travessia dos barcos e exércitos para o Egito (Veneza exigia 85 mil marcos de ouro) e com suas tropas acampadas na ilha do Lido, em Veneza, tiveram que - ao invés de resgatarem Jerusalém por uma incursão pelo Egito, como era o plano original - aceitar o desvio da nobre missão sugerido pelo doge (duque) veneziano Enrique Dândolo, um enérgico octogenário. O doge negociou com os chefes cruzados um ataque a Zara, em troca de um adiantamento. Os cruzados foram constrangidos a retomar para Veneza o porto de Zara (cidade na costa da Dalmácia), no litoral Adriático (hoje na Croácia e que havia sido ocupada pelo rei da Hungria, um cristão). Esta cidade, efectivamente, veio a cair no poder das hostes cristãs em 1202, contra a vontade de Inocêncio III, que condenava veementemente a secularização da quarta cruzada e excomungou mesmo os venezianos.

Dândolo negocia com Aleixo V, de Gustave Doré.


Chegam notícias de Bizâncio de que o Imperador Isaac II fora derrubado pelo seu irmão Alexius III e fora cegado. Ora o filho de Isac II, de nome Alexius IV, conseguira fugir e apelara aos cruzados para o ajudarem: em troca de o colocarem no trono prometia-lhes dinheiro e os recursos do império para a conquista de Jerusalém. Ainda hoje os historiadores discutem se as coisas se passaram assim ou se foi uma justificação para o que se iria suceder.



A entrada dos cruzados em Constantinopla, por Gustave Doré.


Os cruzados aceitaram imediatamente uma vez que isso parecia resolver os seus problemas. Partiram em 1202. Em 1203, os cruzados tomam Constantinopla e coroam Aleixo IV como imperador bizantino, a par de seu pai, Isaac Ângelo. Inocêncio III aceita a situação, sonhando com a reaproximação entre as duas Igrejas desavindas. Com novos impostos a ser lançados para pagar as promessas feitas aos cruzados, rapidamente a população ficou à beira da revolta. Contudo, Aleixo será assassinado pelos gregos, o que impele Veneza a tomar o poder no Bósforo. Para tal, contaram com o apoio dos cruzados, que em Abril de 1204 assaltaram de novo Constantinopla, submetendo-a a três dias de massacres e pilhagens, dividindo depois os despojos. Estátuas, mosaicos, relíquias, riquezas acumuladas durante quase um milénio foram pilhadas ou destruídas durante os incêndios. Apesar de enfraquecido, o império bizantino não desvaneceu, retomando a sua pujança em 1261, quando Miguel VIII, paleólogo, toma o poder. Entretanto, os cruzados tinham estabelecido uma série de principados latinos na Grécia, como o ducado de Atenas.




O Império Bizantino depois da Quarta Cruzada. O mapa mostra o Império Latino, O Império de Nicéia, Trebizond e Épiros. As fronteiras são muito incertas.


A trégua assinada por Ricardo Coração de Leão em 1191 mantinha-se, apesar da despropositada e desastrosa quarta cruzada, em pleno século XIII, assegurando a manutenção dos estados latinos do Levante (Armênia, Jerusalém-Acre, Trípoli e Chipre) e dos próprios cruzados.
Posteriormente a esta quarta cruzada, desencadeou-se uma série de movimentos de tipo "cruzada" de carácter espontâneo na Europa a caminho da Terra Santa, como a denominada cruzada das crianças.

1187 - Terceira Cruzada

Terceira Cruzada





Frederico I Barbarossa representado como um cruzado (iluminura do século XII).

A Terceira Cruzada (1189-1192), pregada pelo Papa Gregório VIII após a tomada de Jerusalém por Saladino em 1187, foi denominada Cruzada dos Reis. É assim denominada pela participação dos três principais soberanos europeus da época: Filipe Augusto (França), Frederico Barbaruiva (Sacro Império Romano Germânico) e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), constituindo a maior força cruzada já agrupada desde 1095.

Antecedentes

Acossados por graves lutas internas e ataques dos maometanos ao longo de 25 anos depois da segunda cruzada, os estados cristãos do Oriente mergulharam numa situação política e militar difícil. Inversamente, em termos econômicos e patrimoniais, conheceram uma época de desenvolvimento, principalmente no respeitante aos Templários e Hospitalários. O regime feudal difundia-se também, a par da miscigenação entre os vários povos europeus ali estabelecidos e da gradual latinização da Igreja. Este clima, no entanto, acicatou disputas entre os estados e os próprios cristãos. Outro perigo espreitava: Saladino, o sultão do Egito.
Na década de 1180, o Reino Latino de Jerusalém atravessava uma fase delicada. O rei Balduíno IV estava sendo devorado pela lepra e desafiado por um baronato cada vez mais manhoso. Os muçulmanos, pressentindo essa fraqueza, mantinham a pressão no máximo. Qualquer passo em falso seria catastrófico para os cristãos. E não tardou para que ele fosse dado, pelo cavaleiro Reynald de Châtillon (Reinaldo de Châtillon), que atacou uma caravana na qual viajava a irmã do sultão Saladino. Na confusão que se seguiu, Saladino convocou uma jihad.

Saladino capturou Damasco em 1174 e Alepo, em 1183. Em 1187, avançou pela Galileia e, nos Cornos de Hattin, travou a Batalha de Hattin contra um exército cristão. Do lado cristão, as tropas do francês Guy de Lusignan, o rei consorte de Jerusalém, e o príncipe da Galiléia Raimundo III de Trípoli. Ao todo, havia cerca de 60 mil homens - entre cavaleiros, soldados desmontados e mercenários muçulmanos. Já a dinastia aiúbida, repreentada por Saladino, contava com 70 mil guerreiros. Quando os cruzados montaram acampamento em um campo aberto, forçados a descansar após um dia de exaustivas batalhas, os homens de Saladino atearam fogo em volta dos inimigos, cortando seu acesso ao suprimento de água fresca. A cortina de fumaça tornou quase impossível para os cristão se desviarem da saraivada de flechas muçulmanas. Sedentos, muitos cruzados desertaram. Os que restaram foram trucidados pelo inimigo, já de posse de Jerusalém (tomada em em Outubro de 1187). Saladino poupou a vida de Guy, enquanto Raimundo escapou da batalha com sucesso. Isso desencadeou na cristandade uma nova onda de preocupação com a Terra Santa. Em 1189, Guy de Lusignan tentou reconquistar a cidade, num conflito que duraria anos e só seria resolvido com a chegada de um novo personagem: Ricardo Coração de Leão, o rei da Inglaterra.

A Cruzada

O Papa Gregório VIII lança imediatamente uma nova cruzada, com o apoio de vários monarcas, entre os quais o imperador germânico Frederico I Barba-Roxa, Filipe Augusto da França, Henrique II da Inglaterra (depois substituído pelo seu sucessor, Ricardo I, Coração de Leão) e Guilherme II da Sicília.


A morte de Frederico Barbaruiva, de Gustave Doré (1832-1883)

O imperador Frederico Barba-Roxa, atendendo os apelos do papa, partiu com um contingente alemão de Ratisbonne e tomou o itinerário danubiano atravessando com sucesso a Ásia Menor, porém, afogou-se na Cilícia ao atravessar o Sélef (hoje Goksu), um dos rios da Anatólia. A sua morte representou o fim prático desse núcleo.



Ricardo Coração de Leão.

Os franceses e ingleses foram por mar até Acre. Em Abril de 1191 os franceses alcançam Acre, no litoral da Terra Santa, e dois meses depois junta-se-lhes Ricardo. Ao fim de um mês de assédio, os cruzados tomam a praça e rumam para Jerusalém, agora sem o rei francês, que regressara ao seu país depois do cerco de Acre. Se Ricardo Coração de Leão conseguiu alguns atos notáveis - a conquista de Chipre (que se tornou um reino latino em 1197), Acre, Jaffa e uma série de vitórias (Arsuf por exemplo) contra efectivos superiores - também não teve pejo em massacrar prisioneiros (incluindo mulheres e crianças). Ao garantir a volta do Acre para a mão da cristandade, Ricardo conquistou o título de Coeur de Lion (Coração de Leão, em francês). Com Saladino, teve um adversário à altura, combatendo e travando um subtil táctico. Apesar de inimigos e de de nunca terem se encontrado, Saladino e Ricardo se respeitavam. Trocaram presentes e honrarias, culminando, em 1192, num acordo: os cristãos mantinham o que tinham conquistado e obtinham o direito de peregrinação, desde que desarmados, a Jerusalém (que ficava em mãos muçulmanas). Isso transformou São João de Acre na grande capital dos Estados Latinos na Terra Santa. Se esse objetivo principal falhara, alguns resultados tinham sido obtidos: Saladino vira a sua carreira de vitórias iniciais entrar num certo impasse e o território de Outremer (o nome que era dado aos reinos cruzados no oriente) sobrevivera.
Após a trégua que combinou com Saladino, Ricardo voltou à Inglaterra. Naufragou. Foi preso pelo Duque da Áustria e vendido ao imperador germânico que o libertou mediante resgate.







1152 - Guerra da Barba

Guerra da Barba


A Guerra da Barba ocorreu entre França e Inglaterra, entre os anos de 1152 e 1453.
O barbado rei Luis VII de França casou-se com Eleanor, filha de um duque francês, e recebeu duas províncias no Sul do país como dote. Ao voltar das Cruzadas, o rei Luís raspou a barba. Eleanor não gostou, mas ele se recusou a deixar a barba crescer novamente. Eleanor se divorciou e casou-se com o rei Henrique II, da Inglaterra, exigindo a devolução das duas províncias. Luís não quis entregá-las e a guerra começou.

1147 - Segunda Cruzada

Segunda Cruzada



Os Estados Cruzados em 1140.











Segunda Cruzada (1147-1149). Em 1144, os senhores de Mossul, numa fase de reunificação da Síria, conquistaram o Condado de Edessa aos cristãos. Na Europa, imediatamente se ouvem vozes clamando pela retomada do condado pelos cruzados. É o caso de São Bernardo de Claraval, que, a pedido do Papa Eugênio III, antigo monge cisterciense e discípulo do Santo, lhe pede que exorte os cristãos a empreenderem uma nova cruzada. Na Páscoa de 1146, em Vezelay, são muitos os franceses que acorrem a escutar as palavras de Bernardo. A nova convocação atraiu vários expedicionários, entre os quais se destacaram o rei da França, Luís VII, o imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Conrado III, para além dos reis da Polônia e da Boêmia.
O imperador parte para Constantinopla, onde chega em Setembro de 1147. Contrariando os conselhos do soberano bizantino Manuel I, os cruzados avançam para a Anatólia, onde são esmagados pelos turcos em Dorileia, em Outubro desse mesmo ano. Luís VII ainda acorre em seu auxílio, encontrando Conrado em Niceia. O que sobrou do exército de Conrado, juntou-se aos franceses, com o apoio dos templários. Com algumas dificuldades de transporte, mais uma vez uma parte do exército teve de ser abandonado para trás (sobretudo os plebeus a pé), e estes tiveram de abrir caminho contra os turcos. Os franceses, entretanto, chegam a Antioquia em Março de 1148, rumando para Jerusalém com cerca de 50 mil soldados. Em Jerusalém, Luís VII e Conrado, depois de algumas discussões, decidem atacar Damasco. Em 28 de Julho de 1148, e depois de cinco dias de cerco, concluíram tratar-se de uma missão impossível pelo que recuaram, terminando assim a segunda cruzada.
Um autêntico malogro, com os seus líderes a regressarem aos seus países sem qualquer vitória. Porém, recorde-se que será desta cruzada que irão sair alguns cruzados dos contingentes flamengos e ingleses para auxiliarem Afonso Henriques na conquista de Lisboa em 1147, uma vez que eram concedidas indulgências para quem combatia na Península Ibérica, como relata nas suas cartas o cruzado inglês Osberno.
O resultado desta Cruzada foi miserável (se excetuarmos a conquista de Lisboa), tendo sucesso apenas em azedar as relações entre os reinos cruzados, os bizantinos e os amigáveis governantes muçulmanos. O fracasso da segunda Cruzada permitiu a reunificação das potências muçulmanas. Nenhuma nova cruzada foi lançada até a um novo acontecimento: a conquista de Jerusalém pelos muçulmanos em 1187. Os cristãos enfrentavam um adversário decidido, Saladino.
Na década de 1180, o Reino Latino de Jerusalém atravessava uma fase delicada. O rei Balduíno IV estava sendo devorado pela lepra e desafiado por um baronato cada vez mais manhoso. Os muçulmanos, pressentindo essa fraqueza, mantinham a pressão no máximo. Qualquer passo em falso seria catastrófico para os cristãos. E não tardou para que ele fosse dado, pelo cavaleiro Reynald de Châtillon (Reinaldo de Châtillon), que atacou uma caravana na qual viajava a irmã do sultão Saladino. Na confusão que se seguiu, Saladino convocou uma jihad.






A Batalha de Hattin num manuscrito medieval.



Saladino capturou Damasco em 1174 e Alepo, em 1183. Em 1187, avançou pela Galileia e, nos Cornos de Hattin, travou a Batalha de Hattin contra um exército cristão. Do lado cristão, as tropas do francês Guy de Lusignan, o rei consorte de Jerusalém, e o príncipe da Galiléia Raimundo III de Trípoli. Ao todo, havia cerca de 60 mil homens - entre cavaleiros, soldados desmontados e mercenários muçulmanos. Já a dinastia aiúbida, repreentada por Saladino, contava com 70 mil guerreiros. Quando os cruzados montaram acampamento em um campo aberto, forçados a descansar após um dia de exaustivas batalhas, os homens de Saladino atearam fogo em volta dos inimigos, cortando seu acesso ao suprimento de água fresca. A cortina de fumaça tornou quase impossível para os cristão se desviarem da saraivada de flechas muçulmanas. Sedentos, muitos cruzados desertaram. Os que restaram foram trucidados pelo inimigo, já de posse de Jerusalém (tomada em em Outubro de 1187). Saladino poupou a vida de Guy, enquanto Raimundo escapou da batalha com sucesso. Isso desencadeou na cristandade uma nova onda de preocupação com a Terra Santa. Em 1189, Guy de Lusignan tentou reconquistar a cidade, num conflito que duraria anos e só seria resolvido com a chegada de um novo personagem: Ricardo Coração de Leão, o rei da Inglaterra.



1139 - A Anarquia, Guerra Civil Inglesa

A Anarquia, guerra civil Inglesa
A Anarquia é o nome dado à guerra civil inglesa no reinado de Estevão de Inglaterra entre 1135 e 1153.

Prelúdio
Os antecedentes dos 19 anos de guerra da Anarquia remontam ao dia 25 de Novembro de 1120, data do naufrágio do White Ship ao largo da Normandia. No desastre morreram todos os ocupantes do navio, excepto um marinheiro que nadou para a costa, incluíndo Guilherme Adelin, único filho legítimo de Henrique I de Inglaterra, e alguns dos seus irmãos bastardos. Com a perda de Guilherme, Henrique I tomou a decisão inédita na altura de nomear como sucessora a filha Matilde de Inglaterra, obrigando os seus barões a jurarem-lhe fidelidade. Em 1128, Matilde casou pela segunda vez com Geoffrey Plantageneta, Conde de Anjou e, devido a isso mesmo, uma péssima escolha na opinião dos nobres normandos.
Tirando Matilde, Henrique I tinha ainda como sucessores os quatro filhos de Estevão II, Conde de Blois e Adela da Normandia, sua irmã. O terceiro deles, Estevão de Blois, Conde de Bolonha era o seu sobrinho preferido e bastante popular entre a nobreza normanda.

A Anarquia
Quando Henrique I morre em 1135 de intoxicação alimentar, Estevão entrou em Inglaterra e declarou-se rei ignorando as pretensões de Matilde e de Teobaldo, o seu irmão mais velho. Com o apoio dos barões, incluíndo os filhos bastardos de Henrique I, do Arcebispo da Cantuária e do Papa Inocêncio II, a usurpação ficou consumada.
Sem apoios em Inglaterra, Matilde virou-se para o rei David I da Escócia, seu tio materno, que em 1138 invadiu Northumberland em seu nome. A campanha não foi enérgica o suficiente e o exército de David foi derrotado em Agosto na batalha do Estandarte. Seguro no trono, Estevão deu-se então ao luxo de cometer alguns erros políticos que lhe custaram o apoio de alguns nobres importantes. Entre eles contava-se Roberto de Gloucester, que tomou o partido de Matilde no fim do ano.
Em 1139, Matilde entra em Inglaterra e toma o Castelo de Arundel, iniciando a guerra civil. Reunida com Gloucester, o seu exército tomou algumas praças importantes nos anos seguintes, sem que ocorresse uma batalha definitiva. Entretanto, o governo de Estevão mostrava-se cada vez mais fraco e incapaz de controlar as sucessivas insurreições populares.
A 2 de Fevereiro de 1141 ocorre uma batalha entre os partidários de Estevão e de Matilde. O resultado é uma derrota clara de Estevão que é feito prisioneiro em Bristol. Matilde passou então a controlar o país da sua capital em Londres e recusou o título de rainha, preferindo chamar-se Senhora dos Ingleses. A sua vantagem durou pouco tempo devido à atitude arrogante e à influência que Geoffrey Plantageneta detinha sobre ela. Em Setembro, Londres era já uma cidade cheia de inimigos e Matilde retira-se para Oxford. Na mesma altura, Roberto de Gloucester é apanhado por aliados de Estevão e ameaçado de morte. Matilde vê-se então obrigada a trocar o meio irmão pela liberdade de Estevão, que se apressa a recuperar a coroa e o controlo do país. O exército de Estevão desloca-se então para Oxford, onde monta cerco ao castelo onde se encontrava Matilde, que só não é apanhada porque, segundo a lenda, fugiu sozinha a meio da noite atravessando os campos cobertos de neve. Matilde nunca mais recuperou a vantagem e em 1147 é obrigada a fugir para o Condado de Anjou, o feudo do marido.
Estevão recuperou a coroa mas não a autoridade ou a força política que nunca teve. Oestado de caos generalizado propagou-se ao país, onde durante os anos seguintes não houve lei que fosse respeitada. Cronistas contemporâneos referem este período como a época em que Cristo e todos os seus apóstolos dormiram, o que resultou no nome de a anarquia pelo que a guerra é conhecida.
Nos anos seguintes, a saúde de Estevão foi piorando. O rei fez o que pode para legitimar as suas pretensões da sua linha à coroa inglesa e tentou coroar o filho Eustáquio IV, Conde de Bolonha em sua vida. O Papa proibiu-o e chegou mesmo a colocar Inglaterra sob um interdito pela ousadia da proposta.

O FIM
Quando Esutáquio morre em 1153, as esperanças de preservar a linha dos Blois ruiram. Entretanto Henrique Plantageneta, o filho mais velho de Matilde e do Conde de Anjou, viu a sua oportunidade. Henrique apesar dos 20 anos de idade, tinha um apurado sentido político e sabia aproveitar as suas oportunidades, ao contrário de Estevão. Pouco depois da morte de Eustáquio, Henrique invadiu a Inglaterra e em Novembro forçou Estevão a assinar o tratado de Wallingford, onde o reconhecia como herdeiro.
Com a morte de Estevão no ano seguinte, Henrique torna-se rei sem oposição, iniciando a dinastia angevina (Plantagenetas) de reis de Inglaterra. Matilde nunca regressou a Inglaterra e retirou-se para Ruão.

1096 - Primeira Cruzada

Primeira Cruzada
A Primeira Cruzada (1096-1099) foi também chamada de Cruzada dos Nobres, dos Cavaleiros ou dos Barões, pois nenhum rei dela participou. Ao pregar e prometer a salvação a todos os que morressem em combate contra os pagãos (leia-se, muçulmanos) em 1095, o Papa Urbano II estava a criar um novo ciclo. A Cruzada foi provocada pela ascensão ao poder dos turcos seljúcidas, que interferiram na tradicional peregrinação a Jerusalém. É certo que a ideia não era totalmente nova: parece que já no século IX se declarara que os guerreiros mortos em combate contra os muçulmanos na Itália mereciam a salvação. Mas desta a salvação não era prometida numa situação excepcional. As várias versões que nos restam do seu apelo mostram que Urbano relatou também os infortúnios dos cristãos do oriente, e sublinhou que se até então os cavaleiros do ocidente habitualmente combatiam entre si perturbando a paz, poderiam agora lutar contra os verdadeiros inimigos da fé, colocando-se ao serviço de uma boa causa. O apelo foi feito a todos sem distinção, pobres ou ricos.
E foi de facto o que sucedeu. Os exércitos da nobreza e o povo comum procedente da França, do sul da Itália e das regiões da Lorena, Borgonha e Flandres participaram dessa empreitada, mas os ricos e pobres rapidamente formaram cruzadas separadas.
Em termos de exércitos organizados, existiam quatro grupos. Um sob o comando do conde Hugo de Vermandois, irmão do rei francês, Filipe I, que partiu em 1096. Parte deste grupo naufragou no Adriático, enquanto os restantes, comandados por Godofredo de Bulhão, duque da Baixa Lorena, e por seus irmãos Eustáquio e Balduíno, atingiram Constantinopla em Dezembro. Para financiar sua participação na cruzada, Godofredo vendera seu castelo - o que prova que não pretendia voltar para casa. O segundo grupo era comandado por Boemundo de Tarento, normando do Sul de Itália, velho inimigo de Bizâncio. Chega a Constantinopla em Abril de 1097. O mais numeroso dos exércitos era o de Raimundo de Saint-Gilles (Raimundo de Tolosa), conde de Toulouse, acompanhado de Ademar de Monteil, legado do Papa e bispo de Puy. Chegaram a Constantinopla em Abril do mesmo ano, vindos pela Dalmácia (atual costa croata). O quarto e último contingente, sob as ordens de Roberto da Flandres, a par de Roberto da Normandia, irmão de Guilherme II de Inglaterra, bem como Estêvão de Blois, chegou também à capital bizantina. Ao todo, reúnem-se perto de 300 mil cruzados em Constantinopla, dos quais cerca de 25 mil combatentes a pé. Concordam todos em tomar a Palestina aos Turcos e depois devolver os seus territórios ao imperador bizantino, autor desta exigência.
Chegada dos cruzados à Constantinopla.
Os cruzados, em Constantinopla, reuniram-se sob o comando de Godofredo de Bulhão. O imperador Aleixo Commeno forneceu-lhes navios para passarem o estreito. Em abril de 1097, os cruzados atravessaram o estreito de Bósforo (que separa a Europa da Ásia) sem encontrar resistência. O governante muçulmano, o sultão turco Kilij Arslan, iludido pela facilidade com que havia derrotado os pobres cruzados do Eremita, estava mais preocupado com disputas internas com vizinhos muçulmanos do que com a chegada de um novo contingente de cristãos. Como o sultão iria perceber apenas tarde demais, esse seria o maior erro de sua vida. A cruzada dos cavaleiros possuia recursos, mas progredia devagar. Liderada por grandes senhores, levava quer proprietários, quer filhos segundos da nobreza. O acordo com os bizântinos de devolver-lhes os territórios conquistados seria desrespeitado, à medida que o mal-entendido entre as duas partes cresceria. Os bizantinos pretendiam um grupo de mercenários solidamente enquadrados ao qual se pagasse o soldo e que obedecesse à s ordens - não aquelas turbas indisciplinadas; os cruzados não estavam dispostos, depois de tantos sacrifícios a entregar o que obtinham. Apesar da animosidade entre os líderes e das promessas quebradas entre os cruzados e os bizantinos que os ajudavam, a Cruzada prosseguiu. Os turcos estavam simplesmente desorganizados. A cavalaria pesada e infantaria francas não tinham experiência em lutar contra a cavalaria leve e arqueiros arábes, e vice versa. A resistência e a força dos cavaleiros venceram a campanha em uma série de vitórias, a maioria muito difíceis.
Em 19 de Junho, os cruzados cercaram e tomaram Nicéia, devolvendo-a aos bizantinos. Em 20 de Outubro de 1097, eles chegaram aos arredores de Antióquia, não sem recontros duros com os turcos pelo caminho. Esta cidade, todavia, dotada de altas muralhas e muito bem defendida, somente cairá a 3 de Junho de 1098, após o extermínio da sua população islâmica e um saque terrível. Mais tarde, depois de nova vitória contra os turcos, os cristãos ver-se-ão a braços com uma peste mortífera, que contudo não os impedirá de marchar sobre Jerusalém, agora em poder dos califas fatímidas do Cairo. Com poucas armas e provisões, os cerca de 1.200 cavaleiros e 12.000 soldados cruzados começam os ataques à cidade em 15 de Julho de 1099 (numa sexta-feira santa), sob o comando de Godofredo de Bulhão, que chegou até mesmo a abrir uma das portas da muralha. Neste mesmo ano, conseguem tomar Jerusalém. A repressão fora violenta. Os árabes que encontraram no pátio da Grande Mesquita foram exterminados à espadaços e à lançadas. Aos judeus coube um destino pior, queimaram-nos vivos. Mataram inclusive os animais domésticos. Pouparam apenas a vida do governador egípcio Iftikhar ad-Dawla, e dos seus guardas, a quem Raymond de Saint-Gilles, um cavaleiro de cabelos brancos, que "desdenhava ser cruel com os fracos", jurara proteção. Até hoje os historiadores embaraçam-se com o número das vítimas que os cristão fizeram em Jerusalém. Oscilam entre 6 mil a 40 mil mortos. Segundo o arcebispo Guilerme de Tiro, a cidade oferecia tal espetáculo, tal carnificina de inimigos, tal derramamento de sangue que os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.

Godofredo de Bulhão não aceitou a coroa que lhe ofereceram. Ficou só com o título de protetor ("Defensor e Barão do Santo Sepulcro"). Godofredo permaneceu na Palestina com 300 homens. Á sua morte, Balduíno, seu irmão, proclamou-se rei. Os cristãos humilharam-se após as duas conquistas massacrando muito dos residentes, indiferentemente da idade, fé ou sexo.
Estados Cruzados
Surgiram quatro unidades políticas. Ao sul, o mais importante, o Reino Latino de Jerusalém. Um pouco acima estavam o Condado de Edessa (na Alta Mesopotâmia, o Condado de Trípoli e o Principao de Antioquia. Dos quatro estados que surgiram, o maior e mais poderoso foi o Reino de Jerusalém. Os chefes desses Estados logo perceberam que a permanência lá não seria fácil. Balduíno foi nomeado conde de Edessa e Bohemundo,o chefe dos normandos, governante de Antioquia.
A maioria dos combatentes cruzados regressou à Europa uma vez conquistada Jerusalém (incluindo os grandes senhores), permanecendo uma pequena tropa de reserva da força original para organizar e estabelecer o governo e o controle latino (ou europeu ocidental) sobre os territórios conquistados (cálculos chegam a falar de algumas centenas de cavaleiros e um milhar de homens a pé). As cidades principais (como Antioquia, Edessa) tornarem-se capitais de principados e reinos (embora Jerusalém fosse de certo modo o centro político e religioso), com outras marcas a protegê-los. O sistema feudal foi transplantado para oriente com algumas alterações: muitas vezes, em vez de receber feudos, os cavaleiros eram pagos com direitos ou rendas (modalidade que existia também na Europa). As cidades mercantis italianas vão-se tornar fundamentais para a sobrevivência desses estados: permitiram a chegada de reforços e interceptar os movimentos das esquadras muçulmanas, tornando o Mediterrâneo novamente um mar navegável pelos ocidentais. Mas rapidamente os muçulmanos iriam reagir.
As conquistas da primeira Cruzada se deveram em grande parte ao isolamento e à fraqueza relativa dos muçulmanos. Contudo, a geração posterior a essa Cruzada contemplou o início da reunificação muçulmana no Oriente Médio sob a liderança de Imad al-Din Zangi.


De qualquer modo, nos anos seguintes, com a euforia da vitória, mais voluntários seguiram para oriente. Os contingentes seguiam por nacionalidades, continuando pouco organizados. As motivações eram variáveis: se alguns pretendiam obter novos feudos, ou redimir-se das suas faltas, havia também aqueles que "apenas" pretendiam ganhar batalhas, cobrir-se de glória, bênçãos espirituais, e voltar para a sua terra.
Durante o meio século seguinte, apesar dos reforços que incluíam frotas de Génova, da Noruega e de Veneza, os cristãos que se encontravam na Síria foram muito pressionados.
Os governantes cristãos logo perderam o apoio dos bizantinos, porque se recusavam a reconhecer a soberania do Império na região e não haviam demonstrado nenhum escrúpulo em substituir os patriarcas da Igreja Ortodoxa Bizantina por bispos oriundos da Igreja Católica Romana. Para piorar, não havia soldados suficientes para a formação de grandes exércitos.
Os governantes cruzados encontravam-se em grande desvantagem númérica em realção à s populações muçulmanas que eles tentavam controlar, então, construíram castelos e contrataram tropas mercenárias para mantê-las sob controle. A cultura e a religião dos francos era muito estranha para cativar os residentes da região. Dos seguros castelos, os cruzados interceptavam cavaleiros árabes. Por aproximadamente um século, os dois lados mantiveram um clássico conflito de guerrilha. Os cavaleiros francos eram muito fortes, mas lentos. Os árabes não aguentavam um ataque da cavalaria pesada, mas podiam cavalgar em circulo em volta dela, na esperança de incapacitar as unidades dos francos e fazer emboscadas no deserto. Os reinos cruzados localizavam-se, em sua maioria, no litoral, pelo qual eles podiam receber suprimentos e reforços, mas as constantes incursões e o infeliz populacho mostravam que eles não eram um sucesso econômico.
Ordens de monges cavaleiros foram formadas para lutar pelas terras sagradas. Os hospitalários (1113) e os cavaleiros templários (1118) eram, em sua maioria, francos. Os cavaleiros teotônicos eram alemães. Esses eram os mais bravios e determinados dos cruzados, mas nunca eram suficientes para fazer a região ficar segura.
Os reinos cruzados sobreviveram por um tempo, em parte porque aprenderam a negociar, conciliar e jogar os diferentes grupos árabes uns contra os outros.
Por volta do ano 1100, uma nova expedição parte. Chegados a Constantinopla levantam-se discussões com os bizantinos que estavam fartos de ter aqueles vizinhos incómodos que pilhavam a terra, portavam-se de uma forma muito mais brutal em guerra, e ficavam com o que conquistavam (para além das diferenças culturais e religiosas). Entretanto, os turcos estavam a unificar-se para tentar fazer face a estas ameaça. Evitando combates diretos até ao último momento contra a cavalaria pesada cristã, usaram tácticas de emboscadas. Em Mersivan, esmagaram um dos exércitos cristãos (o dos lombardos e francos) que fora abandonado pelos seus líderes e cavaleiros (que fugiram). Estes foram severamente criticados pela fuga, assim como Alexius imperador de Bizâncio por não ter dado apoio.


Outro grupo, o exército de Nivernais, também foi destruído de forma similar (com fuga de líderes incluída). A expedição da Aquitânia portou-se melhor: ao menos os cavaleiros ficaram a combater e morrer junto com o povo. Alguns poucos conseguiram fugiram para Constantinopla. Três exércitos aniquilados em dois meses, enquanto que o pequeno exército de Jerusalém (com o membros da Primeira Cruzada) derrotava um exército egípcio. Edessa perdeu-se em 1144. Depois disso, os muçulmanos desmantelaram sistematicamente os Estados cruzados na região. Por alguns anos, não foram pregadas mais cruzadas, e os territórios cristãos no oriente tiveram de se aguentar por conta própria. Assumem como padroeiro São Jorge da Capadócia, exemplo de cavaleiro cristão, e seu brasão de armas, a cruz vermelha num escudo branco.