
Os organizadores da marcha prevista para este sábado em Teerão desconvocaram o seu protesto em virtude de não terem conseguido a autorização para o mesmo. Entretanto, a polícia tinha afirmado que todos os organizadores de marchas não autorizadas seriam detidos e processados pela justiça.
A marcha prevista para este sábado em Teerão foi desconvocada pelos seus organizadores devido ao facto de não ter sido autorizada pelas autoridades iranianas, indicou um comunicado dos organizadores, citado pela televisão de Estado.
«Uma permissão tinha sido pedida para que se realizasse uma manifestação, mas como ela não foi autorizada não haverá manifestação», iniciou a Associação iraniana de Religiosos Combatentes, fundada pelo ex-presidente Mohammad Khatami.
Entretanto, a polícia avisou que todos os organizadores de manifestações ilegais serão detidos e processados pela justiça, uma declaração feito pelo chefe adjunto da polícia, também na televisão de Estado.
Ahmad Reza Radan frisou que a «polícia agirá com determinação contra todas as manifestações e protestos ilegais» e e que todos os tentam enganar as pessoas ao dizer que existe uma autorização «serão processados em conformidade com a lei e detidos».
O cancelamento desta marcha surgiu no dia em que quer Mirhossein Moussavi, quer Mehdi Karoubi, ambos candidatos derrotados nas presidenciais de 12 de Junho não compareceram no Conselho de Guardiões para examinar as alegadas irregularidades neste acto eleitoral.
Segundo o site de um jornal iraniano, Moussavi estará a preparar para fazer um «comunicado importante ao povo iraniano» dentro de pouco tempo
Dissente Ebrahim Yazdi libertadoO líder do Movimento de Libertação do Irão (MLI), da oposição liberal, Ebrahim Yazdi, detido quarta-feira, foi libertado pelas autoridades iranianas, afirmou um dos seus conselheiros, Issa Saharkhiz.
«Ele está no hospital e a ordem de prisão dada pelo vice-procurador (Hassan) Hadad foi anulada», declarou esta sexta-feira Saharkhiz, acrescentando já ter falado com Yazdi ao telefone.
Yazdi, 70 anos, sofre de cancro, segundo o conselheiro.
O líder do MLI foi detido quarta-feira quando estava hospitalizado numa unidade de emergência, onde permaneceu apesar da ordem de prisão.
Durante os últimos dias, as autoridades iranianas têm multiplicado as detenções de opositores, na sequência das manifestações realizadas após o anúncio, sábado, da reeleição do Presidente Mahmud Ahmadinejad, uma vitória contestada por Mir Hossein Moussavi (principal adversário político de Ahmadinejad) e por outros dois candidatos, que denunciaram irregularidades no escrutínio eleitoral.
O MLI, fundado em 1960 por Mehdi Bazargan, é um movimento de oposição liberal, nacionalista, islâmico e progressista.
Yazdi foi ministro dos Negócios Estrangeiros no governo provisório chefiado pelo antigo primeiro-ministro Mehdi Bazargan e um dos mais próximos aliados do imam Khomeini durante o seu exílio em França em finais de 1978.
Amnistia Internacional acusa Khamenei de justificar uso da força pela polícia
A organização de defesa dos direitos humanos, Amnistia Internacional, acusou o líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, de justificar o uso da força pela polícia no discurso que fez esta sexta-feira em Teerão.
«Estamos muito preocupados com as declarações do ayatollah Khamenei que parecem dar 'luz verde' às forças de segurança para recorrerem à violência contra os manifestantes que exercem os seus direitos de se manifestarem e exprimirem as suas opiniões», disse Hassiba Hadj Sahraoui, adjunto da AI para o Médio Oriente.
«Que um chefe de Estado responsabilize pelas possíveis consequências em matéria de segurança os manifestantes pacíficos e não as próprias forças de segurança constitui uma prevaricação e uma autorização para eventuais abusos», sublinhou Sahraoui num comunicado.
Neste contexto, a AI disse temer que, se houver manifestações nos próximos dias, os participantes sejam «alvo de detenções arbitrárias e de um uso excessivo da força, como foi o caso dos últimos dias».
No seu discurso de hoje Khamenei voltou a apoiar a controversa vitória eleitoral do presidente Mahmud Ahmadinejad e qualificou de «inaceitável o desafio das ruas».
O guia supremo iraniano advertiu a oposição de que «será responsável pelo caos» se continuar com os protestos, sem precedentes em 30 anos de República Islâmica.
A AI recordou o governo iraniano de que o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que Teerão subscreveu, protege expressamente o direito de reunião pacífica.
Entretanto, a AI reviu em baixa o balanço que tinha feito das vítimas mortais nas manifestações, passando de 15 para dez mortos.
Amnistia Internacional regista 15 mortos durante manifestações em TeerãoA Amnistia Internacional anunciou, esta sexta-feira, que 15 pessoas foram mortas durante as manifestações da oposição em Teerão, após as contestadas eleições presidenciais iranianas.
As manifestações da oposição, depois das eleições iranianas, provocaram 15 mortos em Teerão, anunciou a Amnistia Internacional.
«Sete mortos foram confirmados pela rádio oficial do Irão, mas a Amnistia Internacional registou até 15 mortos, entre os quais cinco estudantes cuja morte está por confirmar», indica a AI em comunicado.
Um porta-voz da AI precisou à agência noticiosa francesa AFP, que «o número de 15 pessoas foi confirmado».
«O que não está confirmado é se cinco dos 15 eram estudantes», adiantou.
Segundo a rádio oficial iraniana Radio Payam, sete civis foram mortos a tiro, segunda-feira, à margem de manifestações que juntaram várias centenas de milhares de pessoas.
Os mortos terão atacado uma base da milícia bassij, próxima do presidente ultra-conservador Mahmud Ahmadinejad.
O presidente norte-americano, Barack Obama, declarou-se na altura «profundamente preocupado».
As mortes ocorreram três dias depois das eleições presidenciais que permitiram a reeleição de Ahmadinejad, com cerca de 63 por cento dos votos, resultado que é contestado pelo seu rival Hossein Mussavi, que obteve cerca de 33 por cento.
UE apela à liberdade de manifestação no IrãoOs líderes da União Europeia apelaram, esta sexta-feira, ao Irão para que deixe a população «juntar-se e manifestar-se», depois de o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, ter exigido o fim das manifestações contra os resultados das presidenciais.
«O conselho (europeu) apela às autoridades iranianas para que se assegurem de que é garantido o direito de todos os iranianos a juntarem-se e a manifestarem-se pacificamente e para que se abstenham de utilizar a força contra as manifestações pacíficas», declararam os 27 chefes de Estado e de Governo, reunidos numa cimeira em Bruxelas.
O apelo consta de um texto adoptado hoje e que deverá ser divulgado mais tarde, segundo as agências internacionais, que tiveram acesso ao documento.
«A União Europeia acompanha com grande preocupação a resposta às manifestações em todo o Irão. A UE condena com firmeza a utilização de violência contra os manifestantes que levou à morte de várias pessoas», acrescenta o texto